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    domingo, 25 de janeiro de 2009

    CARTA AOS PARTIDOS POLÍTICOS XIV

    Albano Pedro

    (Texto publicado no Semanário A CAPITAL)

    Não há dúvidas de que o processo de selecção “desnatural” dos partidos políticos concorrentes as eleições desencadeou estímulos emocionais diversos, recortados entre os que defendem a ideia da supressão de números de partidos pelo uso de os meios possíveis e os que defendem esta selecção pelo voto do povo. É óbvio que a sensatez nos leva a aderir a última posição, já porque a Lei Constitucional e a Lei dos Partidos Políticos são suficientemente eloquentes quando sustentam a personalidade jurídica das formações políticas como garante da participação nas eleições legislativas de 5 de Setembro, já porque a Lei Eleitoral, ao exigir a subscrição de lista de candidaturas por milhares de eleitores, tornou-se impracticável, oferecendo argumentos de resistência jurídica (por inconstitucionalidade) e política (por desvio ao exercício do poder de escolha dos partidos políticos pelo povo, enquanto poder inalienável).

    Enfim, foram seleccionados 14 organizações políticas, entre partidos políticos e coligações de partidos políticos, ordenados segundo o sorteio como seguintes: PRS, PLD, FpD, PDP-ANA, PPE, FNLA, PAJOCA, FOFAC, Nova Democracia, MPLA, UNITA, PADEPA, PRD e AD-Coligação. Com falhas e palhas ao eleitorado dá-se a possibilidade de escolher o partido que melhor realiza o seu interesse. Entretanto, vale a ideia de que nem todos os partidos políticos entram no campo das opções do povo para a “batalha” eleitoral. Há que descontar os partidos e coligações que entram no cenário eleitoral, com pretexto de apoiar o partido mairitário, apenas para dividir as verbas diponibilizadas para a campanha eleitoral. Outros ainda por falta de expressão política e estratégias idóneas se apresentam como verdadeiros grupos diversionistas, sem perder de vistas aqueles que ao longo dos 16 anos não protagonizaram nenhum exercício político em defesa dos interesses do povo. E com a retirada do PADEPA de Leitão restam para avaliação séria da grande corrida partidos como MPLA, UNITA, FpD, FNLA, PDP-ANA, PAJOCA e PLD.

    Ora, o PLD é um dos partidos que parte com a imagem ofuscada pela inoperância da liderança nos últimos anos e pela visível centralização dos interesses partidários em torno da figura do seu Presidente; segue-se o PDP-ANA que, depois do desaparecimento físico de seu presidente fundador, perdeu capacidade de intervenção e persuasão pública. A FNLA, enfraquecida pelo desmembramento operado na liderança que se impunha bicefálica e com a saída de Tozé Fula, um dos mais influentes membros da sua organização juvenil, parte com o eleitorado perdido. A mesma desgraça tem atropelado as pretensões do PRS. Para além da AD-Coligação, que já não conta com a FpD e com o Simão Cacete, as coligações partidárias peredem-se nos desconhecimento quase total do eleitorado angolano.

    Grande ganho tiveram a FpD e o PAJOCA. A FpD que parte com um plantel de deputados integrado por grandes figuras do universo académico e intelectual como o economista Filomeno Vieira Lopes, o advogado Luis do Nascimento e o jurísta e cientistas político Nelson Pestana Bonavena foi reforçado pela entrada do economista e professor universitário Justino Pinto de Andrade. O PAJOCA que já balançava de desgaste com a direcção de Sebastião André teve a ventura de voltar a “recrutar” um militante de peso. O advogado David Mendes que certamente se propõe a persuadir todos os eleitores que beneficiaram da sua defesa nas lutas cívicas operadas pela associação Mãos Livres. Assim, a FpD e o PAJOCA surgem como os grandes reforços para as escolha dos eleitores desavindos com o MPLA e a UNITA e dos eleitores sérios e exigentes.

    Se é certo que o PAJOCA se encontra rejuvenescido, a FpD ganha terreno sobre a maioria dos partidos da oposição pelo facto de ter estado a ensaiar modelos de intervenção política que lhe garantem o estatuto da terceira força política nacional e a única organização política angolana com identidade própria (assume-se como partido de esquerda – reivindicador da reforma do status quo político) e com capacidade de condicionar o discurso político parlamentar.

    Para o povo angolano resta a escolha certa. Muitos votos serão lançados na futilidade das emoções, misturados na demagogia e no infantilismo do discurso inconsistente e sem fundamento, entretanto a opção dos eleitores sérios e responsáveis, dos eleitores que se sacrificam em nome da maioria do povo, dos eleitores que sabem o que Angola é hoje e o que Angola deve ser amanhã; dos eleiotres que sabem que os partidos políticos devem estar ao serviço dos interesses de todos os angolanos é a mais esperada por todos os angolanos, mesmo aqueles que pensam no voto egoísta.

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