Albano Pedro
(Texto publicado no Semanário A CAPITAL)
Não há dúvidas de que o processo de selecção “desnatural” dos partidos políticos concorrentes as eleições desencadeou estímulos emocionais diversos, recortados entre os que defendem a ideia da supressão de números de partidos pelo uso de os meios possíveis e os que defendem esta selecção pelo voto do povo. É óbvio que a sensatez nos leva a aderir a última posição, já porque a Lei Constitucional e a Lei dos Partidos Políticos são suficientemente eloquentes quando sustentam a personalidade jurídica das formações políticas como garante da participação nas eleições legislativas de 5 de Setembro, já porque a Lei Eleitoral, ao exigir a subscrição de lista de candidaturas por milhares de eleitores, tornou-se impracticável, oferecendo argumentos de resistência jurídica (por inconstitucionalidade) e política (por desvio ao exercício do poder de escolha dos partidos políticos pelo povo, enquanto poder inalienável).
Enfim, foram seleccionados 14 organizações políticas, entre partidos políticos e coligações de partidos políticos, ordenados segundo o sorteio como seguintes: PRS, PLD, FpD, PDP-ANA, PPE, FNLA, PAJOCA, FOFAC, Nova Democracia, MPLA, UNITA, PADEPA, PRD e AD-Coligação. Com falhas e palhas ao eleitorado dá-se a possibilidade de escolher o partido que melhor realiza o seu interesse. Entretanto, vale a ideia de que nem todos os partidos políticos entram no campo das opções do povo para a “batalha” eleitoral. Há que descontar os partidos e coligações que entram no cenário eleitoral, com pretexto de apoiar o partido mairitário, apenas para dividir as verbas diponibilizadas para a campanha eleitoral. Outros ainda por falta de expressão política e estratégias idóneas se apresentam como verdadeiros grupos diversionistas, sem perder de vistas aqueles que ao longo dos 16 anos não protagonizaram nenhum exercício político em defesa dos interesses do povo. E com a retirada do PADEPA de Leitão restam para avaliação séria da grande corrida partidos como MPLA, UNITA, FpD, FNLA, PDP-ANA, PAJOCA e PLD.
Ora, o PLD é um dos partidos que parte com a imagem ofuscada pela inoperância da liderança nos últimos anos e pela visível centralização dos interesses partidários em torno da figura do seu Presidente; segue-se o PDP-ANA que, depois do desaparecimento físico de seu presidente fundador, perdeu capacidade de intervenção e persuasão pública. A FNLA, enfraquecida pelo desmembramento operado na liderança que se impunha bicefálica e com a saída de Tozé Fula, um dos mais influentes membros da sua organização juvenil, parte com o eleitorado perdido. A mesma desgraça tem atropelado as pretensões do PRS. Para além da AD-Coligação, que já não conta com a FpD e com o Simão Cacete, as coligações partidárias peredem-se nos desconhecimento quase total do eleitorado angolano.
Grande ganho tiveram a FpD e o PAJOCA. A FpD que parte com um plantel de deputados integrado por grandes figuras do universo académico e intelectual como o economista Filomeno Vieira Lopes, o advogado Luis do Nascimento e o jurísta e cientistas político Nelson Pestana Bonavena foi reforçado pela entrada do economista e professor universitário Justino Pinto de Andrade. O PAJOCA que já balançava de desgaste com a direcção de Sebastião André teve a ventura de voltar a “recrutar” um militante de peso. O advogado David Mendes que certamente se propõe a persuadir todos os eleitores que beneficiaram da sua defesa nas lutas cívicas operadas pela associação Mãos Livres. Assim, a FpD e o PAJOCA surgem como os grandes reforços para as escolha dos eleitores desavindos com o MPLA e a UNITA e dos eleitores sérios e exigentes.
Se é certo que o PAJOCA se encontra rejuvenescido, a FpD ganha terreno sobre a maioria dos partidos da oposição pelo facto de ter estado a ensaiar modelos de intervenção política que lhe garantem o estatuto da terceira força política nacional e a única organização política angolana com identidade própria (assume-se como partido de esquerda – reivindicador da reforma do status quo político) e com capacidade de condicionar o discurso político parlamentar.
Para o povo angolano resta a escolha certa. Muitos votos serão lançados na futilidade das emoções, misturados na demagogia e no infantilismo do discurso inconsistente e sem fundamento, entretanto a opção dos eleitores sérios e responsáveis, dos eleitores que se sacrificam em nome da maioria do povo, dos eleitores que sabem o que Angola é hoje e o que Angola deve ser amanhã; dos eleiotres que sabem que os partidos políticos devem estar ao serviço dos interesses de todos os angolanos é a mais esperada por todos os angolanos, mesmo aqueles que pensam no voto egoísta.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Partidos Políticos
Partidos Políticos Partidos Políticos Partidos Políticos
CARTA AOS PARTIDOS POLÍTICOS XIV
CARTA AOS PARTIDOS POLÍTICOS XJan 17, 2012
CARTA AOS PARTIDOS POLÍTICOS IIJan 17, 2012
Etiquetas:
Partidos Políticos
Sem comentários:
Enviar um comentário