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    quarta-feira, 26 de outubro de 2016

    O DISCURSO POLÍTICO E A GEOPOLÍTICA NACIONAL

    As acusações sobre a existência de um Estado Paralelo feitas por Isaías Samakuva, Presidente da UNITA, em que dá conta de uma máquina de segurança composta de informantes e espiões colocados no aparelho do Estado e na sociedade civil, ao longo da conferência de imprensa em reacção a Mensagem à Nação do Presidente da República, colheria bem se estivéssemos num país em que existissem um povo divido apenas entre militantes do MPLA e da UNITA. Nesse contexto, os membros do dito Estado Paralelo não precisam de ser identificados individualmente. É só saber quem é do MPLA e prontos. E quem não fosse do MPLA estava seguro diante daqueles que querem combater o Estado Paralelo. Infelizmente, é essa péssima visão geopolítica interna que induziu em erro o líder da UNITA num discurso que se julgou inocente e bom para todos. Assim parte-se do pressuposto errado de que quem não é da UNITA pode ser um agente do Estado Paralelo e deve denunciar-se sem indicar nomes para provocar o efeito intimidatório sobre tais agentes. Não vivemos num país dividido entre militantes da UNITA e do MPLA. Ou seja, não somos um Estado bipolarizado como ainda se pensa equivocadamente. Somos um povo divido em vários partidos políticos e em várias franjas da sociedade civil organizada. Na sociedade civil organizada, encontramos muita gente sem qualquer filiação partidária. Para além disso, há militantes da UNITA e do MPLA que não exercem militância. Não querem saber dos seus partidos. Por decepção ou por simples abandono de facto do exercício partidário. Acrescido a isso, vem ainda muita gente que nem é de partido político e nem é da sociedade civil organizada. E estes não são poucos. Portanto, somos um Estado plural onde já não faz sentido falar-se num partido que representa todo um povo. Para corrigir esse erro deve admitir-se que a UNITA representa parte do povo que acredita nos seus ideias e programas e é o maior partido da oposição representado no parlamento. Essa é a verdade inequívoca. Num contexto bipolarizado esse discurso arregimenta os militantes da UNITA num ponto e coloca os militantes do MPLA no outro procurando atacar e defender o dito Estado Paralelo. Num contexto plural, este discurso ameaça todos aqueles que não se encontram num dos dois partidos políticos e não se revem nas suas práticas. É essa falha que não se percebeu. Os inocentes desta acusação não se podem ver na possibilidade de constar da lista do dito Estado Paralelo pelo facto de poderem ser confundidos. O líder da UNITA, na sua visão bipolarista do Estado, falou como se estivesse a prevenir os militantes do seu partido para que não dessem tréguas àqueles que põem em causa a luta que desenvolvem e mais nada. Esse foi o ERRO CRASSUS. Um erro alimentado por falta de aconselhamentos adequados, a meu ver. Para que não se cometam erros dessa natureza, a UNITA deve fazer um UPDATE da sua percepção geoestratégica e política do Estado para que os seus dirigentes saibam reorganizar os seus discursos visando um povo plural. Sei que contam com muitos bons intelectuais que podem ajudar a isso e podem ainda contar com agências de sondagens, consultoria e tudo mais.

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