Parece que todos nós acordamos com o “incidente” de João Paulo Ganga (JPG) que ao defender a boa decisão do PR sobre a nomeação da filha como PCA da Sonangol na qualidade de chefe de Estado despertou o ódio camuflado no alegado senso de moralidade que cada um de nós defende e ficou claro que somos um povo que não quer saber de justiça quando o erro vem do outro lado da nossa posição. Envergonho-me perante essa situação porque de alguma forma alimentamos “inconscientemente” essa situação de que enferma gravemente a nossa sociedade. Temos receio de entristecer ou decepcionar os alegados seguidores das nossas opiniões e temos receios das consequências negativas disso. Perda de popularidade ou de solidariedade nas nossas posições muitas vezes irreflectidas. Não temos a ideia de preservação do Estado contra todas as tentativas da sua desvirtualização pelos governantes e pelo senso comum daqueles que estão contra o “status quo”. A terapia de choque de JPG mostra que os intelectuais estão reféns do senso comum e estão ao reboque da sua moralidade afastando os ditames do Estado de Direito. A Sociedade está surda, casmurra e agressiva e dividida por causa de nós, os intelectuais de reboque que andamos na linha da frente de uma luta de ideologias e partidarismos radicais minando as consciências com um sentimento que vai violando a ideia do Estado de Direito e Democrático. A intelectualidade é REFORMADORA e tendencialmente justa. É incompatível a defesa de ideologias partidárias, sejam favoráveis ao poder, sejam favoráveis a oposição. Defendemos um Estado de justiça, mas avançamos para uma situação de vinganças e ódios pessoais. Há uma confusão entre os reformadores e opositores porque alinhamos todos no mesmo diapasão da falta da aceitação do outro. Somos todos culpados dessa intolerância que nos divide porque perdemos a lucidez sobre a ideia da construção de um Estado inclusivo e justo. Força JPG! O HOMEM DA QUEBRA DOS PARADIGMAS. Essa intelectualidade de reboque é mais um paradigma que deve ser desmontado da nossa sociedade. Só assim que vamos construir uma cidadania pelo Estado e não pelos partidos políticos!
Temos de ganhar consciência que cada um é livre de emitir a sua opinião sem estar necessariamente de acordo com a maioria. Aliás, o intelectual é livre. Mais. Quando se está do lado da Pátria e da Nação nem sempre se esta do lado da maioria. Nelson Mandela teve de ir contra a vontade da maioria dos militantes do ANC que queriam retribuir a violência contra a minoria branca para promover a paz entre os sul-africanos. Foi a posição de alguém que teve uma visão que ia para além do seu tempo que estabeleceu a harmonia social. Nem sempre a maioria tem razão. JPG com sua análise equilibrada mostrou que quando estamos perante interesses da nação devemos estar unidos. Isso é olhar para o que nos une e não para o que nos divide. Jonas Savimbi, num discurso feito na Huíla em 1992, disse “Não podemos fazer uma oposição sistemática (oposição por oposição), coisas boas, se feitas, devem ser pontuadas!”. É isso que harmoniza o povo. Que os opositores parem de querer manipular as pessoas que exercem a liberdade de consciência e expressão como INTELECTUAIS. Não há acordos nenhuns entre os que se acham senhores das revoluções políticas e daqueles que apenas querem exercer a sua cidadania sem estarem filiados em partidos políticos. Habituemos que quando se esta a criticar os governantes não significa que se esta do lado da oposição e que quando se esta a encorajar as boas decisões dos governantes não significa que se esta do lado do partido que governa. Que os partidos exerçam a sua vocação de alternar os poderes para o assumirem e que os cidadãos exerçam o seu direito de criticar ou encorajar a governação. Angola é de todos nós.
domingo, 16 de outubro de 2016
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