Nesta terça-feira o Debate Livre protagonizou uma das discussões mais interessante que envolveu deputados. Pelo calor das discussões e pela pertinência dos temas. Deve admitir-se que João Pinto do MPLA começou bem como raramente acontece, para depois resvalar na sua habitual verborreia. Começou com muita comedição para depois se “espatifar” num ringue de pancadaria política. Foi como um indivíduo aprumado que promete a si mesmo que vai comportar-se bem na festa e que esquece a promessa depois de tomar uns copos. Mas os assuntos foram interesses. Um deles foi levantado pelo José Pedro Katchiungo da UNITA quando chamou atenção ao facto dos angolanos serem primeiro registados como eleitores sem terem o vínculo de cidadania que se ganha com o bilhete de identidade. O Executivo consegue inverter a situação desnaturadamente. Primeiro atribui a qualidade de eleitor e só depois a cidadania. Regista-se primeiro eleitor e depois é que este se torna angolano?! Que isso?! Esse deputado teve ainda o “cuidado” de dar um correctivos aos “mimosos” do MPLA que por tudo ou nada falam de guerra para justificar atrasos de meses até.
Na verdade JPK inaugurou algo que a UNITA já devia fazer há muito tempo. É que sempre que os deputados do MPLA acusam de terem destruído o país, deviam reagir igualmente dizendo que o MPLA não ofereceu flores e chocolates durante a guerra. O silêncio da UNITA perante essas descabidas acusações habituaram os deputados do MPLA a socorrer-se desse “trunfo” completamente abusivo. Não se pode continuar a buscar o discurso da guerra para justificar dificuldades até para programas que acontecem em tempo de paz. Isso é brincar com a boa-fé dos cidadãos. Estamos a ficar agoniados com esses discursos. Tolerância, senhores deputados! Queremos paz! É por isso que a estreia de Pereira Alfredo, deputado do MPLA não foi das melhores. Insistia em assuntos em que se percebia mais interesse de humilhar a posição do que abordar os assuntos com hombridade. Também não foi feliz quando disse que a transmissão dos debates televisivos deve acontecer paulatinamente e que o que já se transmite é um grande ganho. Ganho contra quem? Bem JPK questionou. O povo quer, então que transmitam as sessões, meus senhores! Aliás, eu nem sequer conhecia este deputado, exactamente por falta de transmissões na íntegra das sessões parlamentares. Se calhar queria mostrar aos seus que estava a prestar um bom serviço pelo partido. Tanto é que pareceu que João Pinto nem se quer considerava ou secundava os assuntos que levantava.
O deputado André Mendes de Carvalho “Miau” da CASA-CE é que não se deixou babar com as adulações de João Pinto. O mais velho mostrou por A + B que tudo dependia da vontade do MPLA e que até o executivo põe o seu dedo num órgão soberano como é a Assembleia Nacional enviando inclusive propostas de leis com o timbre da Assembleia Nacional. Onde já se viu isso? Impôs o seu verbo de kota do recinto que até pôs o jurista do MPLA a dançar a sua música com a correcta interpretação da lei eleitoral e das normas constitucionais. É verdade que João Pinto tem razão quando diz que não deve haver consensos em tudo. Quem ganha, ganha para governar e para isso deve fazer passar todas as suas leis. É por isso que se fala no jogo das maiorias em democracia. Nada de “solidariedades” políticas na aprovação das leis. Quem ganhou faz passar todas as suas leis e só tem mesmo um mandato para isso. Então tem que ser rápido e não dar muito espaço aos minoritários. Mas também, o Almirante Miau tem razão quando diz que deve haver grandes consensos. Afinal, são os grandes consensos que estabilizam e encaminham o país no sentido em que o povo quer. O mais velho tem razão. Por isso, o João Pinto deve assimilar que nas grandes matérias de convergência nacional os consensos devem existir. É por isso que a Constituição da República é aprovada com algum consenso por se tratar de um documento fundamental. Admita-se um meio-termo nisso.
Benedito Daniel do PRS, não só foi o mais moderado, como também foi aquele que procurou a apresentar os temas com mais cuidado e descrição sem o embalo no contencioso “agressivo” que envolvia mais directamente JPK da UNITA e JP do MPLA. Benedito Daniel ajudou-nos a perceber que as tarefas para “lançar as autarquias locais” indicam que as suas eleições não vão acontecer em 2017. E o Deputado Miau bem rematou isso mesmo. Isso já começa a frustrar aqueles que como eu esperam que aqueles que perderem as eleições gerais pelos menos se contentem com alguns “ganhos” nas eleições autárquicas. É que pelo que se ouviu, até parece que as eleições autárquicas não vão acontecer. Afinal há ainda muito por fazer e do que se programou quase nada foi feito. E depois não sei porquê que não se enquadram os assessores para os deputados trabalharem melhor. Pronto o mais velho miau já disse: “ o MPLA não quer que a Assembleia Nacional trabalhe no seu melhor!” (interpretei o pensamento). Temos que admitir que Francisco Mendes quase se perdia na confusão quando o debate começou a sair do centro da cidade para a periferia. Mas foi um grande debate e parabéns a todos. Assim nasce uma nação! (comentei a pedido de um amigo que notou a falta da minha reacção ao debate. É que nem sempre apetece comentar)
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
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